O Ser Essencial e a questão da Identidade
Por Silvia Malamud
20/03/2009
A identidade é formada pela interação entre o eu e a cultura da
sociedade. O ser essencial é transformado e recriado num diálogo
contínuo com os mundos culturais exteriores e com as identidades que
esses mundos oferecem.
Hoje, a crise de identidade é vista como um aspecto de uma
atualidade mutante que abala os quadros de referência que davam aos
indivíduos uma ancoragem estável no mundo social.
Estes são os eventos que atravessam a questão da nossa identidade
individual:
- Dominando a natureza, o homem rompe com a própria limitação frente
à sua fragilidade física, colocando-se na posição do ser que possui
e que faz a sua própria cultura; acontece, porém, que é ao mesmo
tempo tomado como refém pela mesma.
Autonomia e não autonomia coexistem.
- Além da unidade biológica, que define a consciência sob uma
infinidade de conceitos terrenos, ainda há um aspecto mais
abrangente que independe do corpo manifesto, que é a identidade
genuína, ou o Ser essencial, que por motivos específicos decidiu se
experimentar neste ambiente tridimensional e que durante toda a sua
existência terrena renunciará a atravessar qualquer véu que a ele se
sobrepor em nome de poder se expressar naquilo em que está sendo no
momento.
A questão que fica é saber como lidar com o mundo atual sem perder
aquilo que identifica o Ser essencial em meio a toda diversidade de
experimentações que provocamos e a que somos simultaneamente
acometidos.
No momento em que temos uma percepção sobre a síntese de nossa
identidade atual é porque já estamos num espaço futuro como
observadores de algo já transcorrido.
Este é o momento em que estamos gerando novas sinapses de nós mesmos
que pertencerão a um futuro que pode ser conhecido, um lugar onde
novos aspectos do nosso eu já se fazem presentes promovendo novos
significados, unindo-se à totalidade das nossas experiências
existenciais.
A questão atemporal da identidade
- A identidade surge da sensação inominável de plenitude que reside
dentro de nós;
- O constante sentimento de falta de inteireza é inerente a todas as
consciências que buscam se conhecer mais a partir de suas
experiências criativas no plano terrestre;
- Pelas formas criadas, o sujeito pode interpretar a si próprio,
dando significado à sua identidade do momento;
- A identidade costuma ser definida apenas de modo linear por sua
historicidade e não -como estamos abordando-, por aspectos que
envolvem a autonomia do eu numa totalidade mais abrangente
- A questão da identidade surge não na sensação de plenitude da
identidade que já está dentro de nós como indivíduos, e sim de uma
falta de inteireza que busca ser preenchida a partir do nosso
exterior. Buscamos as nossas identidades construindo biografias
pessoais que tentam a todo o custo resgatar a nossa unidade no
prazer de ter uma plenitude já experimentada. Na nossa percepção,
este movimento que monitora indivíduos, colabora para o
desenvolvimento de estados implicados em profunda apatia,
desagregação e despersonalização, gerando questões sobre identidade,
que influenciam as doenças psíquicas da atualidade.
Na atualidade, a crise de identidade inclui aspectos psicológicos da
mente, como emoção, consciência (como a totalidade estrutural do
ser) bioenergias, influências ambientais e aspectos do físico, como
nuances de sistema único em si que a todo o tempo está criando a sua
própria realidade, portanto, sua identidade.
A crise na identidade é vista como um aspecto de uma atualidade
mutante que abala os quadros de referência que davam aos indivíduos
uma ancoragem estável no mundo social.
A identidade somente se tornou uma aspecto crucial nesta atualidade,
porque sua significação está em crise.
A identidade que sempre se julgou como fixa, coerente e estável está
agora sendo desfigurada pela experiência da dúvida e da incerteza.
Identidades estáveis do passado são desarticuladas trazendo a
possibilidade da inversão existencial, na busca de um sentido mais
genuíno do existir.
Insita (Estimula?) a percepção de que as verdades são de momento e
construídas.
E, o principal, empurra o ser humano para o caos e o insere na busca
pelo autoconhecimento, muitas vezes buscando um processo terapêutico
de ponta que saiba lidar com essas importantes questões
existenciais.
Silvia Malamud é Psicóloga e atua em seu consultório em São Paulo.
Tel. (11) 9938.3142 - deixar recado. Autora do Livro: Projeto
Secreto Universos. Email: silvimak@gmail.com