Ser ou não ser líder, eis a questão
Por Rogerio Martins
03/01/2008
Nem todo mundo nasceu para ser líder. E isso não tem a ver com dom
ou qualquer outra prerrogativa de cunho genético ou espiritual. A
questão é que há pessoas que simplesmente não querem ser líderes.
Agem de forma consciente ou inconsciente contra o papel da
liderança. Não se sentem “tocadas” com o espírito da liderança.
Liderar significa correr riscos. Esta ação gera medo em certas
pessoas. Ter de assumir uma posição é algo incômodo, pois gera
ansiedade, dúvida, insegurança. Há indivíduos que preservam mais do
que tudo sua sensação de segurança e assumir o papel da liderança é
exatamente quebrar este equilíbrio.
Há vários exemplos de pessoas que eram excelentes técnicos, e ao
serem içados a uma posição de liderança tornaram-se fracassos
absolutos. Como recusar uma promoção? Eis aí um grande dilema para
tantas pessoas no mundo corporativo moderno.
Até o início dos anos 80 era muito presente no ambiente profissional
a velha máxima: para ser líder, gerente ou diretor é preciso ter
tempo de casa. Dali até os dias atuais vemos cada vez mais este tipo
de pensamento e atitude corporativa sendo extinta. No mundo
competitivo atual não há mais espaço para protecionismos, mas para
competência.
O grande erro que se cometia era o de promover à liderança aquele
mais antigo. Hoje o erro continua, mas de outra forma. Promove-se
aquele que é muito competente no que faz. O ponto crucial é a não
observação de que há diferenças entre a competência técnica e a
competência da liderança.
Apesar do exercício da liderança exigir método, rotina, conhecimento
e outras habilidades técnicas, atuar como líder exige muito mais do
comportamento do indivíduo, do que o tempo de casa ou sua
capacitação acadêmica e profissional. Por isso, é possível
encontrarmos excelentes Engenheiros ocupando o papel de liderança e
Administradores e Psicólogos sendo péssimos líderes. Não basta ter a
capacitação técnica apenas; é preciso ter o preparo comportamental,
mas principalmente a vontade de liderar. É necessário ter
identificação com o papel da liderança. Saber que ao assumir esta
posição o indivíduo lidará com uma atividade que vai além daquela
que aprendeu na universidade.
Por isso, é preciso ter coragem para liderar. É fundamental que a
pessoa faça o exercício solitário de pensar em si como um líder e
todas as suas implicações. O que irá ganhar e perder; analisar se
está preparado para as novas pressões que irá sofrer e como poderá
lidar como elas. Entender que esta nova posição irá exigir muito
mais do que conhecimento técnico, mas preparo pessoal para lidar com
um fator intangível: o ser humano.
Não há demérito em não ser líder. Imagine se o mundo fosse repleto
de líderes, como conseguiríamos viver? Há espaço para todos, líderes
e liderados. Pense em si mesmo e o que te faz bem. Como gosta de
trabalhar? Prefere estar à frente de tudo ou executando suas
atividades? Gosta de tomar decisões e planejar estratégias ou
prefere analisar, pesquisar ou executar o trabalho? Note que é
possível agir como um líder em diversas situações do dia-a-dia. A
diferença de assumir um cargo ou posição de liderança é que isso
será constante, e nem todos se dispõem a assumir este papel.
A sociedade atual por vezes induz os indivíduos a assumirem uma
posição que não lhes diz respeito. Por isso, clarifique para si
mesmo o que quer. O que te faz bem. Ao perceber que a atuação como
um líder é algo instigante, desafiador, enriquecedor, vá em frente:
prepare-se, estude, pratique, mas tenha a humildade para saber
reconhecer no meio do caminho se é isso mesmo o que você quer. Há
momentos quando precisamos recuar para avançar. Há situações que é
melhor esperar, analisar e aprender, para depois seguir em frente.
Agora, se perceber que isto não é para você, seja o melhor naquilo
que buscar fazer. Sucesso!
Portanto, para ser um verdadeiro líder é necessário conhecer melhor
a si mesmo, suas qualidades e fraquezas; transpor as barreiras do
medo e da insegurança, trabalhando na sua auto-estima; ter
propósitos firmes, porém, com humildade para saber mudar e se
adaptar sempre que necessário. Vai encarar? Sucesso!
Rogerio Martins é Psicólogo, Consultor de Empresas e Palestrante.
Especialista em Liderança e Motivação. Sócio-Diretor da Persona
Consultoria & Eventos. Autor do livro "Reflexões do Mundo
Corporativo". Membro do Rotary Club de SP Santana (Distrito 4.430).
Contato: artigos@personaconsultoria.com.br /
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