Sexualidade dos Doentes Psiquiátricos
Por Dr. Wagner Paulon
20/04/2008
O transtorno psiquiátrico não se acompanha invariavelmente de
transtornos do funcionamento sexual. Aliás, um estudo de
Pinderhughes, Barrabee e Reyna, relatado na Assembléia Anual da
American Psychiatric Association (maio de 1971), mostrou que apenas
45% dos 122 pacientes internados observados falavam em preocupação
com a possibilidade de que seu estado interferisse com o
funcionamento sexual; 60% esperavam reiniciar a atividade sexual
quando tivessem alta.
Não se dispõe de informação segura, em termos de cifras
estatisticamente significativas, que permitam dizer em que
distúrbios psiquiátricos ou médicos, em que condições, em que
pacientes haja associação de transtornos do funcionamento sexual.
Teoricamente, os transtornos psiquiátricos que interferem de forma
severa nas relações pessoais íntimas, aqueles em que o funcionamento
sexual se associa a ansiedade marcada e aqueles em que as partes ou
processos genitais servem à expressão simbólica de conflito
emocional - - são também aqueles em que mais probabilidade haverá de
transtornos do funcionamento sexual.
Visto que a atividade sexual pode envolver a tentativa de
sincronizar os sentimentos e o comportamento de duas pessoas que não
estão, no momento, sincronizadas, ocorrerá aí frustração ou
conflito, com distúrbio do comportamento e sintomas correspondentes;
casos estes em que há possibilidade de que sinais de transtornos
emocionais acompanhem uma atividade sexual decepcionante e a
acompanhem passageiramente ou não; e se associem ou não a transtorna
psiquiátrico diagnosticável.
Não esquecer que há pessoas que usam a atividade sexual como meio de
regular uma tensão emocional acumulada na vida cotidiana; para elas
o funcionamento sexual significa, talvez, expressão de transtorno
emocional e também forma de "tratamento" autoprescrito e
auto-administrado. É possível que as pessoas deste tipo sejam mais
propensas a considerar a atividade sexual essencial à vida pelo fato
de que a julgam importante na manutenção da sua integridade
emocional.
Dr. Wagner Paulon - Formação em psicanálise (Escola Paulista),
mestre em psicopatologia (Escola Paulista), psicologia (Saint
Meinrad College) USA, pedagogia (FEC ABC), MBA (University Abet)
USA, curso de especialização em entorpecentes (USP), psicanalista
por muitos anos de vários hospitais de São Paulo.