Sincronismo e suas possibilidades quânticas
Por Silvia Malamud
10/09/2009
Vários relógios de pêndulo, com movimentos de pêndulo
desencontrados, isto é, com freqüências diferentes, quando colocados
próximos, em contato com uma base comum, levam à troca de energias
entre os pêndulos, e, após pouco tempo, iremos presenciar que todos
os relógios estarão sincronizados, com a mesma freqüência.
A sincronização é o processo onde dois ou mais sistemas interagem
entre si e começam a se moverem juntos.
O relato científico mais antigo sobre sincronização data de 1657,
quando Christian Huygens estudou o movimento de dois pêndulos
oscilando na mesma base de madeira. Ele observou que após um período
de aproximadamente meia hora os pêndulos passavam a oscilar em fase,
isto é, com a mesma freqüência, como se fossem cópias um do outro.
A sincronização está presente em vários outros campos da ciência.
Alguns exemplos de sincronização: as células do coração batem
juntas, platéias freqüentemente batem palmas em sincronia,
vaga-lumes do sudeste asiático piscam em fase, aos milhares, como se
estivessem ligados por um fio invisível, e as cigarras saem do
estado de ninfa e vêm à tona juntas.
Nosso corpo é um conjunto de sistemas que funcionam em sincronia. O
que regula esse sistema é o relógio biológico. Quando se faz uma
viagem de avião para outro continente, de fuso horário muito
diferente, nosso corpo demora certo tempo para entrar em sincronia;
sentimos, então, alterações fisiológicas diversas. Isso irá
acontecer com todo ser vivo influenciado pela luz solar. Esse
período de 24h em que temos o dia e a noite é chamado de ciclo
circadiano ou ritmo cicardiano.
O método matemático mais usado atualmente para descrever
sincronização de sistemas é o modelo de Kuramoto, que trata tanto
sistemas biológicos quanto químicos e físicos como infinitos
sistemas de mesmo período oscilando inicialmente de forma aleatória.
Sabendo que nossos estados mentais são ondas elétricas com
determinadas freqüências acusadas em exame de eletroencefalograma,
por exemplo, um determinado som poderia induzir, pelo mesmo
princípio enunciado acima, a um estado de consciência que nos fosse
proveitoso e que nos proporcionasse crescimento como ser humano.
Pergunta: - Será que esse entrelaçamento de ondas emitidas por sons
específicos por nosso cérebro é possível?
Todo novo conhecimento passa pelo crivo da prova científica que visa
clarificar, evidenciar, explicitar os eventos em análises.
O interesse aqui circunda à questão relacionada ao entrelaçamento de
ondas, onde ainda não existem recursos suficientes para se provar a
tese de que é possível alterar estados de consciência através do
som, por exemplo.
Empiricamente, mesmo observando que isso é concreto, essa percepção
ainda destituída da prova científica causa um certo desconforto.
É interessante observar que resultados não podem ser medidos e
tabulados nessa área e em muitas outras como eventos relacionados à
Parapsicologia, por exemplo, nos restando apenas ( o que ao meu ver
não é pouco) a observação empírica. Mas por acreditar que as
ciências estão próximas de um salto que as impulsionem além das
exigências cartesianas, penso ser muito válido sondar novas
possibilidades no campo do conhecimento.
Vejam, os estímulos externos são captados através dos sentidos
(visão, olfato, paladar...) e são levados até o cérebro através das
correntes aferentes que os acolhe, os interpreta, responde e
armazena.
As conexões aferentes são múltiplas e cada sentido tem uma
diversidade extremamente enriquecida. Se tomarmos, por exemplo, como
referência a visão, a que se distinguir a visão monocular, a
binocular, a tridimensional, a convergente, a divergente, a plana,
noção de distância, de dimensão e altura, visão monocrômica e
policrômica. Fatores biológicos estes que interagem simultaneamente
para que diante de um estímulo luminoso que estimula a Íris,
atravessa a córnea e sensibiliza a fóvea (ponto central de visão)
conduzem o estímulo luminoso através dos nervos e radiações ópticas
até a região calcarina são interpretadas e por sincronismo
fisiológico permitem a sensação harmônica da visão. De igual forma
por mecanismos semelhantes, embora distintos, sons são
sincronicamente acolhidos, conduzidos e interpretados e, por
interação do sistema límbico, permitem a harmonia do ouvido. Vejam
que a lógica aqui explicada por esta série de mecanismos e que acaba
por gerar uma sincronia harmônica, não deixa de ser uma espécie de
mágica, com a diferença que tem uma lógica cientifica aceita.
Agora, imaginem vocês, ampliando estes conceitos para possibilidades
não tão palpáveis, porém não impensáveis, possa existir um
entrelaçamento muito maior do que ondas emitidas por sons. O que eu
quero dizer é que existem experiências na área da meditação que
visam induzir um clima emocional de paz para lugares conhecidos como
violentos, por exemplo. Penso que essa emissão vai por ondas não
sonoras, porém, mentais e visam mudar o clima emocional de
determinadas pessoas em determinado local. De acordo com a teoria do
sincronismo, podemos pensar que se um sistema começa a vibrar de
modo diferente, que pode existir uma ampliação deste tipo de padrão
de sincronia mudando o contexto emocional de uma determinada
população, por exemplo.
Pensando deste modo, vemos que existe um padrão de sincronismo
inerente ao qual estamos todos submetidos e um outro que pode ser
induzido. Isso me leva a pensar em muitas coisas que já li sobre
manipulação da mente, mas também me faz crer na possibilidade de
utilização de modo consciente e benéfico para que possamos promover
estados ampliados de alegria, criatividade, de prazer de existir.
Isso sem contar com a ampliação dos estados alterados de consciência
induzidos por freqüências sonoras, mentais e outras...
Silvia Malamud em bate papo com o leitor Rogério Sansvero, abrindo
espaço para mais questionamentos.
Silvia Malamud é Psicóloga e atua em seu consultório em São Paulo.
Tel. (11) 9938.3142 - deixar recado. Autora do Livro: Projeto
Secreto Universos. Email: silvimak@gmail.com