Síndrome do Pânico: a carcereira do Homem Moderno
Por Sirley Bittú
10/02/2003
A Síndrome do pânico tornou-se conhecida por seus vários sintomas:
palpitações, tonturas, dificuldades para respirar, dores no peito,
sensação de formigamento ou fraqueza nas mãos, e quase
invariavelmente um medo secundário de morrer, perder o controle ou
ficar louco. Geralmente esses sintomas não estão restritos a uma
situação específica, o que os torna portanto imprevisíveis. Esta
doença de fundo emocional, traz em sua base um medo intenso,
desmedido e incontrolável que vai tomando proporções assustadoras.
Quando se sofre de Pânico, cada crise aumenta a ansiedade e o medo
da próxima, tornando a doença um ciclo. Como resultado a pessoa
passa a evitar tudo o que possa aproximá-la da situação que lhe
causa temor de forma cada vez mais ampla e genérica a ponto de
qualquer estímulo poder tornar-se uma ameaça.
O ser humano percebe, sente e compreende o mundo e os estímulos que
recebe de forma muito particular, em diferente intensidade, variando
de acordo com as características físicas e emocionais de cada um.
Durante toda a história da humanidade o medo esteve presente,
protegendo, quando aprendemos a traduzi-lo em cautela e sensatez e
fazendo sofrer ao nos tornar escravos de nossas ilusões e de nossa
impotência, limitando-nos e roubando nossa espontaneidade e nossa
criatividade. Muitas vezes esse medo é nutrido por um entendimento
equivocado sobre os valores pessoais, fruto, entre outras coisas, da
falta de conhecimento de nossas potencialidades, preconceitos e
baixa auto-estima. Desde nossa infância precisamos aprender a
enfrentar nossos medos para termos a possibilidade de viver feliz e
em paz.
O medo patológico é um sentimento que se fortalece no
desconhecimento, é o resultado da falta de fé em si e no mundo. A fé
não é algo que possamos treinar, a fé implica em entrega, não de
forma ingênua pois transformaria-se em alienação, mas de forma
consciente e íntegra, multiplicando-se em disponibilidade para
perceber-se como um ser ao mesmo tempo insignificante e genuinamente
especial, singular entre todas as criaturas. Ter fé implica em saber
exatamente quem é, com seus próprios limites e contradições. Em
nossa mente a fé nasce do espaço intermediário entre a fantasia e a
realidade. É vital para o desenvolvimento humano e sua
transcendência, pois implica na noção de si e do outro, em respeito,
dignidade, generosidade, amor, enfim, implica na noção do todo,
fornecendo-nos parâmetros existenciais.
O amor que recebemos de nossos pais, parentes e amigos ou mesmo das
pessoas com quem nos relacionamos durante nossa vida, alimenta as
reservas de esperança e fé, que possuímos. Quando o ser humano não
recebe amor, respeito, compaixão, solidariedade ele torna-se amargo,
violento, rude, incrédulo no outro e consequentemente, em si mesmo.
A pessoa que sofre de crises de pânico não é necessariamente a que
não recebeu amor, mas é aquela que não tem certeza do amor que
recebeu ou não o tem internalizado, tornando-se uma pessoa insegura
e frágil emocionalmente, sentindo-se pobre em recursos internos para
sua autoproteção. Volta-se mais às possibilidades de morte do que às
de vida. Não trata-se de uma escolha, a ansiedade e o desespero
invadem sua vida cegando-a.
Essa Síndrome tornou-se a carcereira do homem moderno por
gradativamente retirar seu direito à liberdade de se relacionar seja
com as pessoas, seja com a vida. Como todas as dificuldades ou
qualquer tipo de doença, quanto mais rapidamente se inicia um
tratamento melhores são os prognósticos. Segundo as pesquisas mais
recentes da OMS, os tratamentos indicados como tendo os melhores
resultados, são os que associam a medicação à psicoterapia.
Aprender a pedir ajuda é um ato de coragem e de fé, independente de
qual seja o tipo de dificuldade. Algumas pessoas desacreditam que
possam ser ajudadas, tomando uma atitude de suposta
auto-suficiência, evitando dividir suas dores e angústias, o que
muitas vezes provoca um agravamento dos sintomas, tornando os
tratamentos mais sofridos e doloridos.
Acreditar em si e respeitar-se alimenta e fortalece nossa
auto-estima; negar nossas dificuldades ou tentar escondê-las apenas
nos enfraquece. Entender que existem dificuldades e limites é ao
mesmo tempo, desmistificá-los e aceitar nossa condição humana, num
processo dinâmico de desenvolvimento e amadurecimento.
Psicodramatista Didata Supervisora
Terapeuta em EMDR pelo EMDR Institute/EUA
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