O Transtorno do Pânico como Símbolo de Transformação
Por Cintia N.P. Jubé
27/03/2007
SUMÁRIO
Prefácio
Resumo
Sinonímia.
Origem do nome.
Introdução - Breve Histórico
Apresentação de Concepções
Justificativa
Transtorno do Pânico no Mundo
Transtorno Pânico no Brasil
Objetivos da monografia
Mitologia Deus Pã
Mito Pã correlacionado a teoria de C.G.Jung e o Transtorno do Pânico
Aspectos gerais e globais do Transtorno do Pânico
Etiologia (causa) do Transtorno do Pânico
Critérios Diagnósticos do Transtorno do Pânico
Diagnóstico Diferencial
Aspectos Psicológicos do Transtorno do Pânico relacionados à Teoria
de C.G.Jung
O Transtorno do Pânico como Símbolo de Transformação (Linguagem
Simbólica)
O Aspecto da Sombra não Integrada no Transtorno d Pânico
Aspecto da Identificação com a Persona no Transtorno do Pânico
O encontro com o Self e Processo de Individuação no Transtorno
Pânico
Aspecto: estrutural, dinâmico e econômico do Transtorno do Pânico
Conclusão
Bibliografia
PREFÁCIO
Ninguém está imune a uma crise existencial, que pode ser manifestada
através de uma ansiedade aguda ou Transtorno do Pânico, ou algum
outro transtorno físico ou mental, e que acabam por gerar um
profundo sofrimento.
O Transtorno do Pânico, acontece independente da classe social, cor
e crença. Simplesmente acontece, e isto significa que já havia uma
pré-disposição interna, pois que já estava sendo formada ao longo de
uma história particular de vida, esperando apenas o momento certo de
desencadear. Porém, as pessoas, experimentadoras desses conflitos,
ao meu ver, são muito sensíveis e especiais. E, tendem a
vivenciá-los em determinada fase de suas vidas, na tentativa
inconsciente de resgatar e manifestar a sua verdadeira essência.
Pessoalmente, tomo como a origem dos conflitos, algum aspecto de
caráter afetivo que foi violentamente negligenciado e que está em
nossa memória. Entretanto, não me atenho desesperadamente em sua
origem e nem me atrevo a dar um nome, seja ele qual for, pois, essa
particularidade pertence somente a cada um e possui um caráter
subjetivo e uma maneira individualizada de sentir e manifestar.
Parto do ponto onde tudo começou, e que de forma errônea, como
muitos acreditam, julgo não ter sido a primeira crise. Mas,
considero que o indivíduo, ao longo de sua história pessoal, acaba
reprimindo sua verdadeira forma de ser, pelas próprias
circunstâncias da vida.
Todavia, a pessoa assume um outro eu, sendo que o verdadeiro fica
oculto e latente. Com isso, a pessoa perde a própria identidade,
valores, para manifestar em uma dinâmica de vida que nem ela sabe
qual é.
Chega um dia em que, talvez sob pressão total e pessoal, o conflito,
a crise, deflagra. Portanto, esse já não é o início do problema e
sim o meio, marcando uma diferença essencial entre continuar a
potencializar a mesma forma de ser, ou partir para a mudança, que
nada mais é que a busca da forma natural que ficou perdida no tempo.
E, finalmente, para que o objetivo seja alcançado, é óbvio que é
chegado o grande momento de reencontrar a si mesmo, manifestando-se
livremente na dinâmica da vida.
Embora haja diversas teorias sobre causas, diagnósticos e
prognósticos, o ponto mais relevante, ao meu ver, neste primeiro
momento, e a ser considerado e seguido, é aquele que proporcione o
entendimento do verdadeiro eu existente em cada um. E, para isto, a
teoria analítica de Jung, é extremamente eficaz no que concerne a
liberdade de ir e vir proporcionada aos indivíduos em questão, sendo
que eles possam ser e estarem felizes, como verdadeiros donos de
suas vidas.
Entretanto, faz-se necessário ressaltar, também, que, sendo esses
conflitos, os responsáveis por uma experiência de intensa dor e
angústia, apenas eles podem levar a uma mudança, onde se possa
realmente desfrutar de uma vida mais produtiva, harmoniosa e,
creiam, mais gratificante!
Portanto, esta produção não se encerra por aqui, pois, se assim o
fosse, seria de minha parte o fechamento, o ponto final para novas
discussões e descobertas. Sem dúvida, na tentativa de expandir meus
conhecimentos dentro da teoria de Jung, e ampliá-los, continuarei o
percurso com grande senso de responsabilidade quanto a valorização
do ser humano.
RESUMO
De repente, você sente o coração disparar, sua respiração fica
curta, suas mãos gelam, seu corpo todo treme. Você fica tonto e não
consegue identificar o que está acontecendo! Então, você acha que
está ficando louco e que você não é você. O seu corpo é tomado,
momentaneamente, por terríveis sensações. Por uma fração de
segundos, você acha que está morrendo. Aí, você tenta fugir, sem
saber para onde, você tenta retornar a si mesmo e não consegue. Por
alguns momentos você fica fragmentado, destruído, e aos poucos toda
essa sensação vai passando, passando, até que você é totalmente
invadido pelo medo que passa a ditar normas e regras, controlando
totalmente a sua vida.
Portanto, de acordo com minha experiência pessoal e, através da
convivência por mais de cinco anos, com diversas pessoas que
vivenciam o problema, é exatamente isso que sente um portador de
Transtorno do Pânico no momento da crise, pois, esta é uma patologia
que apresenta várias manifestações físicas e mentais, afetando
sobretudo, diversas áreas do funcionamento psíquico.
Assim sendo, ocorre um desequilíbrio que consiste em períodos de
intensa ansiedade e se caracteriza por ataques repentinos,
recorrentes e aparentemente infundados, acompanhados de um conjunto
de sintomas físicos clássicos, tais como taquicardia,
despersonalização, vertigem, falta de ar, parestesias, dentre
outros.
A principal característica do pânico, é o grau de ansiedade,
ocasionando principalmente alterações na afetividade, na percepção e
no pensamento. O que faz com que o indivíduo vai limitando as suas
atividades profissionais e o seu contato com o mundo externo em
função das crises.
Também, esse transtorno causa extrema angústia frente ao novo e um
profundo temor de rejeição e abandono. É uma situação dramática. O
pior é que muitas vezes o indivíduo nem mesmo conseguem identificar
o que os apavora tanto.
Mentalmente, o indivíduo fica a mercê de todos os fantasmas do
inconsciente e que o atormentam com um terrível medo de morrer ou de
passar mal e não ser ajudado.
Enfim, é este conflito entre o que se deseja e o que se faz, que
torna esta patologia uma ameaça a saúde mental do indivíduo.
1 - Sinonímia.
Desordem do Pânico, Doença Pânico, Síndrome do Pânico, Distúrbio do
Pânico, Transtorno do Pânico, Transtorno de Ansiedade.
2 - Origem do nome.
Transtorno do Pânico (TP) ou Transtorno de Ansiedade (TA), são
sinônimos de uma doença cuja origem deriva da palavra "Pânico" que é
proveniente do grego "Panikon" que tem como significado susto ou
pavor repetitivo.
3 - Introdução
Breve Histórico
Desde o século passado sabe-se da existência de um transtorno, onde
o indivíduo manifestava ataques que se caracterizavam por
comportamentos de gritos, agitação motora ou paralisia das pernas e
dos braços, cegueira, mudez ou surdez. Esse fenômeno ocorria apenas
em mulheres. Em função deste quadro ser essencialmente feminino, o
entendimento da época era de que a gênese deste transtorno devia-se
a movimentos por todo o corpo proveniente do útero, que havia se
despregado de sua posição normal. Por isso, esse quadro recebeu o
nome de histeria-hysterus / útero.
É também, em final do século XVIII que Cullen defende que este
transtorno era uma doença do Sistema Nervoso Central. Por isso, a
origem do nome, neurose.
Contudo, por muito tempo a neurose foi um diagnóstico dado quando
não se conseguia identificar a causa de tal transtorno.
A partir dessa conceituação, Freud cria e postula sua teoria, a
Psicanálise. Portanto, essa nova teoria surge a partir das suas
vivências tanto com o social, como também, das suas investigações
experienciadas na área clínica de saúde mental. Freud viveu em uma
época de grandes acontecimentos históricos, como as duas guerras
mundiais, e participou de profundas transformações na sociedade,
pois foi exatamente na atmosfera cultural de uma Viena conservadora,
final do século XIX, que ele postula a existência de três ordens
distintas: Consciência - Pré-Consciência - Inconsciente. Sendo
assim, as descobertas de Freud, chocam a sociedade de uma Viena tão
envolvida pela repressão sexual, pois, em sua teoria, é exatamente a
sexualidade, o ponto central de todo o funcionamento da estrutura
psíquica e que se forma a partir de fases vivenciadas desde a
infância.
A ansiedade, portanto em seus postulados, não foge as suas
descobertas, sendo também diretamente relacionada a questão da
sexualidade, sobretudo quanto a uma quantidade de energia acumulada
a ser descarregada. Mas, é principalmente, com os estudos sobre a
neurose, que Freud conceitua a questão da angústia e tem a
possibilidade de diferenciar o normal do patológico.
Entretanto, o conceito de angústia, segue um percurso que vai se
refinando ao longo de seus estudos. e, também sofrendo
reformulações.
Inicialmente, o conceito de angústia é extraído puramente do
fenômeno neurológico, onde ele define a angústia como uma
transformação da tensão sexual acumulada, que não consegue sua
descarga por via psíquica.
Em 1804 o texto A Neurose de Angústia, a ansiedade é relacionada à
sexualidade e, em particular, ao coitus interruptus. Freud afirma
que a origem da angústia não é psíquica e sim física. Para isso, ela
relata sobre as vivências das mulheres virgens, das pessoas
abstinentes, das mulheres e homens adeptos à prática do coitus
interruptus, dos homens que forçam o desejo, dos que sentem repulsa
e todos estes casos têm em comum a acumulação física de excitação
sexual, sem ter como descarregar essa energia.
Assim, para Freud, a angústia surge a partir da tensão sexual
acumulada, transformada em neurose de angústia, que se coloca como
uma transformação desta perturbação.
Depois, em 1926, no texto Inibições, sintomas e ansiedade, Freud
formula definitivamente o que é a angústia sob um ponto de vista
metapsicológico. Além disso, em suas postulações o indivíduo possui
uma ordem psíquica distinta, formada por uma estrutura Id / Ego
/Superego, sendo a função do Ego a de mediador entre as forças
opositoras do Id e do Superego. Dessa maneira, o ego, diante de um
impulso do id que poderia provocar um desprazer por ser conflitante
com a realidade externa ou com as imposições do superego, impede o
processo interno em andamento. E é exatamente esse impedimento que
se forma recalque e, conseqüentemente, da origem a angústia. Desta
forma, a angústia fica ligada ao processo das repressões.
Na visão Psicanalítica a angústia não é considerada apenas um
deslocamento da libido, mas também um processo de recalque, entre o
ego, as forças do inconsciente, as instâncias do superego e aquelas
do princípio de realidade.
Dessa maneira, para Freud, o homem é um ser dividido entre forças
que atuam de forma contrária. De um lado, temos as poderosas forças
do inconsciente que o impelem à procura da satisfação do desejo. Do
outro, os limites impostos pela realidade externa a partir do
superego. Portanto, Freud, relatou sobre Síndrome do Pânico em sua
obra - A Neurastenia e a Neurose de Angústia - por volta de 1895.
Entretanto, não é difícil perceber que a neurose de angustia
descrita por Freud é muito semelhante ao que está descrito no CID
10, sob o nome de Transtorno de Pânico. Além disso, Freud, em suas
postulações teóricas tentava estabelecer uma classificação
nosológica dos distúrbios de ansiedade. Assim sendo, traça com
nitidez o grupo das psiconeuroses (Fobia ou histeria de ansiedade,
Histeria de conversão e neurose obsessiva) e o denomina sob o nome
de psiconeuroses.
Entretanto, devido a sua formação clínica e em função de suas
experiências, observou que havia um segundo grupo que nomeia de
neuroses atuais. Nele inclui a neurastenia, a neurose de angústia,
lançando luz para compreender sobre as neuroses atuais, e,
especialmente, o que hoje está classificado como o chamado
transtorno de pânico que é caracterizado por crises agudas e
espontâneas de ansiedade, de início súbito, sem qualquer causa
aparente e que é acompanhada de uma série de sintomas somáticos.
A descrição feita por Freud permanece atual, quase inalterada se
comparada com os critérios da atualidade: irritabilidade geral;
espera ansiosa; surgimento abrupto de angústia, em forma de crise
não associada a qualquer idéia, ou associada a idéia de morte ou
loucura eminente; vários ou alguns de uma lista de sintomas que
inclui entre outros: palpitações, desconforto pré-cordial, sudorese,
tremores, vertigens, diarréias, parestesias etc; pavor noturno,
acompanhado de angústia, dispnéia e sudorese (crises noturnas de
angústia); 6vertigem ou tontura; fobias (incluindo agorafobia);
náuseas e mal estar; parestesias; os sintomas podem se manifestar de
forma crônica, com menor intensidade de angústia que nas formas
agudas. Todos esses sintomas atingem sua intensidade máxima em
segundos ou minutos, regredindo normalmente em até 10 minutos.
Geralmente os pacientes descrevem um estado pós crise, onde sentem
fraqueza, principalmente nas pernas e muita sonolência, sendo que
muitos podem dormir até horas após as crises.
Portanto, correlacionando os estudos de Freud com os estudos atuais,
nota-se que o Transtorno do Pânico (TP) que atinge atualmente de 3%
a 5% da população mundial, na maioria pessoas jovens, na faixa
etária de 21 a 40 anos, sendo observado um grau de incidência maior
nas mulheres, na proporção de 3 mulheres para cada homem, sendo
assim considerado um problema sério de saúde, possui sintomas muito
semelhante já descritos por ele.
4 - Apresentação de Concepções
Um dos motivos do crescimento do Transtorno do Pânico, é a
transformação dos sintomas neuróticos ao longo do tempo e da
cultura. Pois, podemos considerar os sintomas do Transtorno do
Pânico como sendo de natureza neurótica, ou seja, são sintomas
conseqüentes à falência adaptativa da pessoa diante de alguma
situação estressora, crônica ou aguda. Na realidade é uma crise de
ansiedade aguda, ou uma crise de ansiedade neurótica, como se dizia
Freud.
Portanto, os sintomas neuróticos mudam de acordo com valores
culturais. A cegueira psicogênica ou a paralisia histérica, por
exemplo, eram sintomas neuróticos muito mais comuns no ambiente
cultural do início do século XIX em função da grande repressão
sexual estabelecida como valor para a época, enquanto hoje,
prevalecem as somatizações de ansiedade.
Além disso, a alta incidência atual do Transtorno do Pânico deve-se
também aos hábitos e critérios de diagnóstico. Pois, como hoje em
dia a questão emocional tem recebido um valor mais relevante,
principalmente por parte da mídia, ocorrendo uma banalização do
diagnóstico diferencial, sendo uma das conseqüências, a tendência do
homem contemporâneo de recorrer às substâncias químicas para
corresponder as exigências de bem estar e felicidade eterna.
Finalmente, o aumento da ocorrência do Transtorno Pânico, deve-se ao
aumento das exigências da vida cotidiana. Parece que as necessidades
de adaptação à vida moderna têm sobrepujado a capacidade adaptativa
de muitas pessoas, notadamente daquelas que participam ativamente da
vida comunitária, daquelas mais atuantes, determinadas e
participativas. (Essas Concepções apresentadas foram extraídas de
Trechos da Entrevista do Dr. Geraldo Ballone/Médico Psiquiatra -
Livro sobre o TP ainda no prelo.)
5 - Justificativa
Para que se possa compreender o Transtorno do Pânico, é importante
compreender a natureza e a evolução dos fatores bio-psico-social,e
espiritual ao longo dos tempos e da cultura. O diagnóstico do
Transtorno do pânico atualmente deve obedecer a uma série de
critérios relacionados nas classificações internacionais, como é o
caso do CID.10 e do DSM.IV, que diz que a pessoa deve obedecer aos
seguintes critérios, que se caracterizam por ataques repentinos de
ansiedade, tendo como sintomas físicos, taquicardia (o coração
dispara), falta de ar, palpitações (sensação de que o coração falhou
uma batida), dor no peito, sensação de sufocamento (parece que tem
um caroço na garganta), tontura, vertigem, formigamento pelo corpo,
ondas de calor ou de frio, sudorese, sensação de desmaio, tremores
ou abalos, medo de morrer ou de enlouquecer, tensão muscular e que
podem incluir outros sintomas, mas que o homem procura
desesperadamente se livrar.
Assim sendo, escolhi este tema para compreender melhor o desafio da
angústia que se põe como necessidade para que o homem contemporâneo
consiga viver atualmente com as exigências da vida cotidiana.
Entender também, como em uma época em que a subjetividade é
substituída pela individualidade, o homem sente-se um estranho para
si mesmo, alienado do seu núcleo mais profundo.
Entender ainda como a modernidade, a tecnologia, parece ter afastado
definitivamente o espaço para as diferenças e as resistências, num
modelo de sociedade pasteurizado, onde cada um existe na medida em
que se identifica com uma tribo, uma comunidade.
O homem contemporâneo é sobretudo conduzido a viver em condições
impostas pela mídia e pelo próprio contexto cultural em que vive.
Assim sendo, o homem contemporâneo parece não conseguir mais entrar
em contato com o seu desejo. Pois com a era moderna, o homem,
bombardeado por transformações tão rápidas e profundas, se encontram
na contingência de parecerem seguros, tranqüilos, felizes e aptos a
operarem em seu dia a dia.
Assim sendo, as pessoas mais sensíveis tentam inutilmente insistir
neste padrão de pensamento e comportamento, de forma que a ansiedade
se acumula, desenvolvendo reações físicas e mentais, que tão
profundamente e inconscientemente chegam a afetar o bem estar,
gerando uma profunda sensação de angústia e pânico.
Afinal de contas, dessa geração cartesiana, surgiu o contexto de
modernidade, onde o mundo se transforma a cada fração de segundos,
ainda, é nesse mesmo modelo que se encontra a mais avançada
tecnologia, e principalmente, os homens mais qualificados e que
estão em constante movimento em prol da competitividade.
Contraditoriamente, é nesse mesmo processo contínuo e dinâmico, que
o homem se depara com seus medos, suas angústias e fragilidades. É,
também, a cima de tudo que ele tem a chance de se conscientizar que
algo está errado em sua vida.
Cada vez mais, essa impotência em prosseguir, essa paralisia
emocional, que aparentemente não é justificada, evolui, modificando
e arrasando por completo o seu equilíbrio interno entre corpo e
mente, destruindo o psiquismo e causando a morte moral.
Um viés de dor e desespero normalmente acompanha os portadores de
Ansiedade e Pânico.
E assim, diante dessa condição de desgaste e desesperança, o homem
deixa de experimentar a verdadeira razão de ser.
Portanto, tudo isso atesta a urgência de mudanças de hábitos,
atitudes e valores pessoais, que possa proporcionar a superação de
todos esses transtornos que de alguma forma, impedem a nossa
manifestação.
Enfim, tem o intuito de melhor compreender essa estrutura complexa
da neurose de angústia ou Transtorno do Pânico e que são somatizados
em forma de sintomas e doenças, e que pode através de todas essas
manifestações, encontrar um sentido e ao mesmo tempo, transformar a
personalidade, despotencializando os conteúdos reprimidos e que não
puderam encontrar uma outra forma de alívio se não através das
crises.
5.1 - O Transtorno do Pânico no Mundo
Atualmente, segundo a Organização Mundial de Saúde, o Transtorno do
Pânico já é um caso de epidemia mundial. Atingindo cerca de 2% a 5%
da população mundial.
5.2 - O Transtorno do Pânico no Brasil
No Brasil, as pesquisas são inconclusivas, porém , calcula-se que
por volta de 3% a 5% da população brasileira atualmente está
sofrendo com o Transtorno do Pânico.
6 - Objetivos
O objetivo desta monografia é sobre um tema que tem sido muito
difundido pela mídia: o Transtorno do Pânico, descrito pela
psiquiatria como uma "doença nova" e contemporânea que atinge
milhões de pessoas neste início de milênio. Ele tem como objetivo
investigar o próprio Transtorno de Pânico como símbolo de
transformação, posto que nessa patologia ocorre um profundo
sofrimento psíquico e com situações vivenciais que exigem uma
participação emocional intensa, desde a luta cotidiana para a
sobrevivência social até os conflitos de natureza mais íntima de
cada um.
Tem como objetivo também, conhecer o caminho que a doença faz, posto
que o próprio Transtorno do Pânico é um convite ao confronto com as
forças reprimidas do inconsciente.
Contudo, embora o foco de atenção do portador de pânico esteja
voltado apenas para as crises em si, e que representa o
enfraquecimento do ego, e de uma identidade enfraquecida, pois o que
ocorre é que o ego forte, saudável deixou de atuar. Dessa maneira,
esse trabalho propõe principalmente, através desse entendimento da
patologia como sinalizador de uma atuação destrutiva, encontrar o
caminho da unidade interna para uma orientação voltada para a
verdadeira essência.
Enfim, é o Transtorno do Pânico que irá fornecer as pistas para a
solução do problema.
7 - Mitologia
Deus Pã
Sinonímia - (Fauno, Silvano, Sátiro, Shiva, Oxosse)
Símbolos - Bode, Lebre, Burro, Abelha
Na mitologia grega o deus Pã, era adorado e chamado de o Grande
Todo, deus dos pastores e dos rebanhos. Segundo a mitologia, Pã era
filho de Hermes e da ninfa Dríops.
Dizem que era muito feio ao nascer, pois tinha o corpo recoberto de
pêlos, metade humano, metade bode, chifres na testa, barba e cauda.
Sua mãe em desespero e medo fugiu para bem longe. Hermes o levou
para o Olimpo para o divertimento dos deuses.
Pã freqüentava os pastos e os bosques da Arcádia e era a
personificação da fertilidade e do espírito fálico e selvagem da
natureza indomada. Entretanto, ocasionalmente era gentil com os
homens, cuidando dos rebanhos e das colméias. Tomava parte nos
festejos das ninfas dos montes e auxiliava os caçadores a encontrar
suas presas.
Dizem que certa ocasião perseguiu a casta ninfa Siringe até o rio
Ládon. Ali chegando, para fugir dos abraços de Pã, a ninfa se
transformou num feixe de caniços. Como Pã não a encontrou, cortou os
caniços e inventou a flauta de sete tubos, que desde então foi
chamada pelo nome da famosa virgem ou flauta de Pã.
Ele era um deus irreverente e que se divertia assustando os
caminhantes solitários das florestas com gritos assustadores.
Pã teve muitos amores, os mais conhecidos com as ninfas Pítis e Eco,
que, por abandoná-lo, foram transformadas, respectivamente, em
pinheiro e em uma voz condenada a repetir as últimas palavras que
ouvia.
Segundo a tradição, seu culto foi introduzido na Itália por Evandro,
filho de Hermes, e em sua honra celebravam-se as lupercais.
Em Roma, foi identificado ora com Fauno, ora com Silvano.
A respeito de Pã, Plutarco relata um episódio de enorme repercussão
em Roma ao tempo do imperador Tibério. O piloto Tamo velejava pelo
mar Egeu quando, certa tarde, o vento cessou e sobreveio longa
calmaria. Uma voz misteriosa chamou por ele três vezes. Aconselhado
pelos passageiros, Tamo indagou à voz o que queria, ao que esta lhe
ordenou que navegasse até determinado local, onde deveria gritar: "O
grande Pã morreu!".
Tripulantes e passageiros persuadiram-no a cumprir a ordem, mas
quando Tamo proclamou a morte de Pã ouviram-se gemidos lancinantes
de todos os lados. A notícia se espalhou e Tibério reuniu sábios
para que decifrassem o enigma, que não foi explicado. A narrativa de
Plutarco tem sido interpretada como o anúncio do fim do mundo romano
e do advento da era cristã.
Assim sendo, a palavra Pânico, tem em nossa língua o significado de
medo, ou pavor violento e repetitivo.
Em Atenas teria sido erguido na Acrópole um templo ao deus Pã, ao
lado da Ágora, praça do mercado onde se reunia a assembléia popular
para discutir os problemas da cidade, sendo daí derivado o termo
agorafobia, e que possui como significado o medo de lugares abertos.
7.1 - Mito Pã Correlacionado a teoria de C.G.Jung e o Transtorno do
Pânico.
Podemos analisar essa patologia na perspectiva do homem que é um ser
que traz em sua estrutura a predisposição de seus antepassados,
mitos e a sua própria história pessoal.
Dessa maneira, para compreender a doença e o caminho da cura, é de
suma importância refletir através do referencial mitológico e sob a
perspectiva do mito do deus Pã, a semelhança com as manifestações
existentes no Transtorno do Pânico.
Pois, este mito, nos remete a um nível paralelo e psicológico que
representa toda força do conflito existente na psique do portador de
pânico. Nesse caso, o conflito é permeado pelos instintos
compulsivos da natureza animal e que foi relegado aos confins do
inconsciente, representando tudo aquilo que tememos e que
desprezamos em nós mesmos e que, ao mesmo tempo, nos escraviza por
meio desses mesmos temores.
Isto, sobre o enfoque da psicologia analítica de C. G. Jung.
significa a manifestação da sombra, pois ela é a parte de nós que
não aceitamos e que procuramos negar, e que reconhecemos apenas nos
outros. Mas, nós negamos a sombra, porque não temos consciência dela
e, dessa maneira, insistimos em um padrão de comportamento, que no
caso específico do pânico, faz com que as crises agudas persistam de
maneira cada vez mais sofrida, limitante e paralisante. Pois, a
energia que se gasta para reprimir essa força instintual, é a força
que perde da personalidade e como conseqüência se originam todas as
possibilidades de sofrimento geradas pelo instinto natural que
assume o controle provocando uma intensa descarga de energia,
transformada em sintomas físicos e mentais como o medo de morrer ou
de enlouquecer, a sensação de desmaio, a vertigem, a taquicardia, a
falta de ar, as palpitações, a sensação de sufocamento, o
formigamento pelo corpo, as ondas de calor ou de frio, a sudorese, a
tensão muscular e outros sintomas que são somatizados, de acordo com
a subjetividade e o crescimento individual de cada um, mas que estão
presentes na caracterização dessa patologia.
Também, essa força que se gasta para reprimir os desejos,
desencadeia um controle excessivo tanto sobre o si mesmo irreal ou
falso ego, quanto de outras pessoas e objetos, pois o senso de
identidade estabelecido é a de um ego superficial, voltado para a
realidade exterior, que proporciona a falta da liberdade e provoca a
destruição vivencial.
Podemos também, traçar um paralelo de Pã no que se refere à
realidade arquetípica, isto é, a situações que o portador de pânico
se depara frente a patologia, e que são cristalizadas em uma imagem
de doente, dependente, e sobretudo como forma bizarra de um
comportamento inaceitável no mundo de hoje, o qual para ser forte e
aceito o indivíduo deve reprimir suas fraquezas e desejos. Dessa
maneira, quando a manifestação de um comportamento mental de aspecto
repetitivo do arquétipo é identificado, faz com que o indivíduo
utilize dessa máscara, que na verdade é a de um falso ego, a que
Jung denominou de persona e que muitas vezes não representa o
verdadeiro eu, transformando o panicoso em um indivíduo inseguro,
medroso e estigmatizado tanto pela família quanto pela sociedade.
Entretanto, ao identificar-se desse modo com a experiência tanto do
pânico quanto a de uma imago negativa imposta pelo próprio
arquétipo, ocorre um processo de retro-alimentação da doença e uma
desconexão com a fonte interior geradora de potência curativa. Haja
vista, quando se tem a primeira crise, o indivíduo desencadeia uma
situação antecipatória do medo desenvolvendo uma ansiedade
permanente, o que o impede de entrar definitivamente em um processo
de integração dos afetos e das verdadeiras emoções, cronificando a
patologia.
Podemos ver ainda, a figura de Pã associada de certa forma ao poder,
a necessidade de exercer controle sobre o si mesmo e sobre os
outros, e isto nos leva à uma reflexão análoga sobre algumas
características em comum nas pessoas que sofrem de pânico, pois são
pessoas extremamente dinâmicas, criativas, produtivas à nível
profissional, costumam assumir muitas responsabilidades, são
perfeccionistas, são demasiadamente preocupadas mesmo com fatos de
pouca importância, não se permitem errar, possuem alto grau de
expectativas, são competentes e confiáveis, não se permitem
deprimir, tendem a ignorar as necessidades físicas do corpo e
costumam reprimir alguns ou todos sentimentos, porém, cada um possui
uma historia de vida, que após as crises poderá ou não sustentar
essas características.
Também, podemos traçar um outro paralelo quanto à questão corporal,
pois no momento da crise o indivíduo tem a sensação de não estar bem
enraizado em seu corpo, sendo que o verdadeiro perigo é interno, de
invasão do inconsciente, pois há dificuldade em centrar a energia no
corpo, sendo esta depositada e investida em forma de sintomas.
Assim, a pessoa pode passar boa parte do tempo ansiosa, na
expectativa de ter uma nova crise. O corpo representa então, uma
ameaça para a própria pessoa. A imagem mítica do Deus Pã pode nos
iluminar na compreensão do Pânico, principalmente quanto a um corpo
híbrido, metade animal, metade homem. É inevitável a associação
desta imagem ao estado de uma pessoa em crise de pânico. O grande
perigo ameaçador está na parte inconsciente e animal não integrada à
consciência. Por isso, é que Pã simboliza a natureza, o corpo, a
sexualidade, a agressividade, a energia nervosa, inquietação, dentre
outros aspectos mais distantes da identidade racional consciente.
Enfim, a história mitológica de Pã é de alguma forma uma tomada de
consciência, é o poder ver através de outra perspectiva, a
possibilidade de buscar uma solução, voltando para a esfera central
o caminho da cura e conseqüentemente a libertação do ser. Com isso,
refletir de forma análoga sobre o mito e o portador de pânico, traz
à luz a própria manifestação da doença, que nada mais é do que a
representação do medo extremo em reconhecer seus próprios desejos e
a urgência de uma integração. Portanto, a cura representa, além do
resgate da consciência madura e integrada, a reconstrução da
integridade para uma expressão vivencial plena.
8 - Aspectos Gerais e Globais do Transtorno do Pânico
8.1 - Etiologia ( causa ) do Transtorno do Pânico
Até o momento, não há qualquer teoria conclusiva a cerca da origem
do Transtorno do Pânico, porém, são consideradas possíveis hipóteses
básicas, sobretudo dentro de um enfoque biológico, são elas:
Hiperatividade ou disfunção de sistemas ligados aos
neurotransmissores (substâncias responsáveis pela transmissão do
estímulo nervoso entre as células ) cerebrais relacionados com
vários elementos dos sistemas de alerta, reação e defesa do Sistema
Nervoso Central. Ou seja, num estado normal, o nosso organismo
possui um sistema de defesa e de alarme, que é um conjunto de
mecanismos físicos e mentais que é disparado caso ocorra algum
perigo. Substâncias químicas são liberadas, os neurotransmissores,
dentre eles a serotonina, norodrenalina, dopamina, endorfina, etc,
causando uma alteração no organismo. As pupilas se dilatam, o
coração dispara para oxigenar os músculos, a respiração fica rápida
e o sangue sai da superfície para o interior dos grandes músculos.
Esse é o nosso sistema natural para sobrevivermos caso haja algum
perigo real. Pois bem, no momento da crise, esse sistema de alarme é
disparado sem que haja qualquer perigo externo, deixando de haver
sintonia entre o corpo e a mente, ocorrendo vários sintomas pelo
excesso de adrenalina lançado ao sistema sanguífero pelas glândulas
supra-renais. O que ocorre fisiologicamente é um desequilíbrio na
produção desses neurotransmissores e que leva algumas partes do
cérebro a transmitir informações e comandos incorretos.
Alteração ainda não bem determinada na sensibilidade do SNC a
mudanças bruscas de pH e concentrações de CO2 intracerebral e/ou
hipersensibilidade de receptores pós-sinápticos ( zona distal de
contato entre duas células nervosas ) de 5 hidroxitriptamina
envolvidos no sistema cerebral aversivo.
Há também, outras teorias, uma delas acredita que possa haver uma
doença entre os neurônios. Os neurotransmissores saem do neurônio
emissor, atravessam a fenda sináptica e são recebidos pelo neurônio
receptor, podendo haver recaptação pelo neurônio de origem. O
neurônio doente não exerceria a sua função corretamente, provocando
uma reação descontrolada em todo o organismo, originando-se as
crises.
fatores genéticos, pois segundo as pesquisas há dados de que os
familiares de primeiro grau com Transtorno do Pânico têm a
probabilidade de risco de quatro a oito vezes mais elevado que os
familiares do grupo de controle sem pânico.
Esta vulnerabilidade se traduz numa sensibilidade maior que produz a
atividade e descarga de noradrenalina em distintas áreas do cérebro.
8.2 - Critérios Diagnósticos do Transtorno do Pânico
Para que um indivíduo seja diagnosticado como Portador do Transtorno
do Pânico, é necessário que se enquadre nos seguintes critérios
segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais (
DSM-IV ) da Associação Psiquiátrica Americana, são eles:
- Ataques de pânico recorrentes e inesperados.
Critérios para o Ataque de Pânico:
Um curto período de intenso medo ou desconforto em que 4 ou mais dos
seguintes sintomas aparecem abruptamente e alcançam o pico em cerca
de 10 minutos.
sudorese-palpitações e taquicardia (aceleração dos batimentos
cardíacos)
tremores ou abalos
sensação de falta de ar ou de sufocamento
sensação de asfixia
dor ou desconforto torácico
náusea ou desconforto abdominal
sensação de instabilidade, vertigem, tontura ou desmaio
sensação de irrealidade (desrealização) ou despersonalização (estar
distante de si mesmo)
medo de morrer
medo de perder o controle da situação ou enlouquecer
parestesias (sensação de anestesia ou formigamento)
calafrios ou ondas de calor
Pelo menos um dos ataques ter sido seguido por 1 mês ou mais de uma
ou mais das seguintes condições:
medo persistente de ter novo ataque
preocupação acerca das implicações do ataque ou suas conseqüências
(isto é, perda de controle, ter um ataque cardíaco, ficar maluco)
uma significativa alteração do comportamento relacionada aos ataques
O Ataque de Pânico não ser devido a efeitos fisiológicos diretos de
substâncias (drogas ou medicamentos) como: álcool, ioimbina,
cocaína, crack, cafeína, ecstasy ou de outra condição médica geral
(hipertireoidismo, feocromocitoma, etc...)
Os ataques não devem ser conseqüência de outra doença mental, como
Fobia Social (exposição a situações sociais que geram medo), Fobia
Específica (medo de avião, de elevador, etc...), Transtorno
Obsessivo-Compulsivo, Pós-traumático
8.3 - Diagnóstico Diferencial
O diagnóstico do Transtorno do Pânico ainda é de exclusão, pois
deve-se primeiramente ser descartadas algumas doenças com
sintomatologia semelhante, são elas:
Doenças Orgânicas
hipertireoidismo e hipotireoidismo
hiperpatireoidismo
prolapso da válvula mitral
arritmias cardíacas
insuficiência coronária
crises epilépticas (principalmente as do lobo temporal)
feocromocitoma
hipoglicemia
labirintite, lesões neurológicas
abstinência de álcool e/ou outras drogas
9 - Aspecto Psicológico do Transtorno do Pânico Relacionado a teoria
de C.G.Jung
Em sua teoria, Jung, postulou uma visão de homem enquanto um ser
bio-psico-social-cultural e espiritual, sendo o seu comportamento, o
reflexo de um inconsciente coletivo e de uma relação e interação
cultural e histórica, tornando-o um ser mutante. Assim sendo, quando
o indivíduo não consegue interagir com esse movimento dinâmico,
histórico, cultural e social, ocorre constantes recalques e
repetições das experiências promovendo a formação dos complexos.
Assim sendo, a formação de um complexo, ativado negativamente,
produz um profundo desajustamento da pessoa com o seu meio ambiente.
Pois, ele contém uma carga afetiva tão intensa, que o ego do
indivíduo não consegue absorver qualquer experiência, gerando o
sofrimento psicológico. Além disso, é exatamente nesse núcleo
energético, que os interesses homem/grupo se rompem, sendo o
indivíduo incapaz de identificar suas necessidades e de
satisfazê-las. O grupo pode significar a família, amigos de
trabalho, grupo social ou qualquer pessoa que tenha uma relação
funcional com o indivíduo. E, essas relações interpessoais segundo
Jung, são dotadas desde os tempos mais remotos de uma forma saudável
de rituais de ação e repetição arquetípicas, que passam de geração a
geração, pois reforça o valor da sobrevivência e mantém os grupos na
conquista de objetivos. Mas, quando o indivíduo entra em conflito
com suas necessidades, acaba modificando o padrão natural e saudável
dessas expressões afetando profundamente o seu estado psicológico.
Portanto, quanto ao estado psicológico nos casos do Transtorno do
Pânico, podemos observar que seus efeitos são absolutamente
avassaladores e que a resposta emocional é muito pior, pois o
indivíduo vive só identificado com a sombra, rompendo a conexão
interior, seguindo uma orientação exclusivamente destrutiva. Pois, o
indivíduo, logo após a primeira manifestação do Pânico, fica
profundamente vulnerável, sensível, inseguro e registra
conscientemente as sensações corpóreas experimentadas durante a
crise, gerando um medo extremo de ter novas crises, o que acarreta
em uma ansiedade antecipatória. Dessa forma, os pensamentos,
incluindo as imagens que aparecem no momento que o portador está
tendo a crise do pânico, é, sobretudo, a certeza absoluta de que
algo aterrorizante vai ocorrer eminentemente. Assim, a pessoa fica
convencida de que algo terrível no plano físico e mental está para
acontecer e que o resultado será catastrófico. Acontece porém, que
esses pensamentos desagradáveis aparecem sem que haja qualquer
motivo aparente, posto que, são involuntários e surpreendentes.
Além disso, psicologicamente , o indivíduo experimentador dessa
vivência é aquele que está sempre voltado para a crise passada e
profundamente atormentado ao que possa lhe acontecer, pois a sua
dificuldade é de centrar e harmonizar no estado presente, sobretudo
no instante das crises que são profundamente afetadas em função do
processo de hiperventilação, que é o aumento da quantidade de ar que
entra nos alvéolos pulmonares, e que resulta em hipocapnia, que é a
baixa de tensão de dióxido de carbono no sangue, uma vez que a
respiração está diretamente ligada às emoções.
Assim sendo, o indivíduo no momento da crise, fica completamente
impedido de qualquer raciocínio lógico. Diante de todo esse quadro,
psicologicamente, a pessoa durante a manifestação aguda da crise,
manifesta um tipo de conduta, na tentativa de reduzir o pânico,
tentando fugir da situação angustiante.
E, isto, devido a esse intenso fluxo de energia, as emoção em
direção à cabeça, que desorganiza completamente a auto-percepção da
pessoa. Assim sendo, o Pânico favorece uma avalanche de emoções e
estímulos, que estão além da capacidade de integração da
consciência, do que está ocorrendo no momento da crise e que são
extremamente difíceis de serem integradas pelo ego.
Diante dessa situação conflituosa, e em função de seu desespero, seu
desejo real é o de promover uma mudança imediata para tal estado que
passam a ser exclusivas de seu cotidiano.
9.1 - O Transtorno do Pânico como Símbolo de Transformação
(Linguagem Simbólica)
A personalidade total ou psique, como é chamada por Jung, consiste
de vários sistemas isolados, mas que atuam uns sobre os outros.
Dessa maneira, podemos analisar essa patologia na perspectiva do
homem que é um ser que traz em sua estrutura a predisposição de seus
antepassados, mitos e a sua própria história pessoal que é adquirida
através de um complexo que costumamos chamar de experiências
fundamentais, sejam elas positivas ou negativas, pois elas
representam a psique humana e toda a sua profundidade.
Porém, parte dessas experiências, são intimas e muitas vezes, o
indivíduo não consegue dizer, verbalizar seus sentimentos e
pensamentos. Em tais condições, é através da linguagem simbólica,
que conectamos o homem em seu todo e tentamos compreender como
funciona o lado subjetivo e abstrato da mente.
Assim sendo, o símbolo representa um importante instrumento de
comunicação do inconsciente, pois, traduz o que está contido nas
causas e significados das ações que se escondem por detrás das
aparências.
Entretanto, embora haja padrões simbólicos semelhantes na dinâmica
da psique humana, a simbologia também, contém um traço essencial,
posto que, cada um de nós possui um universo único, repleto de
características pessoais.
Assim, o símbolo é uma expressão vital, onde através de metáforas,
desenhos, sonhos, fantasias e delírios, o homem revela o seu atual
momento de vida, tanto a nível emocional como psicológico, incluindo
aí o Transtorno do Pânico.
Portanto, é através da simbologia que o indivíduo externa as suas
dificuldades internas, como também é através da interpretação dessa
simbologia, que o indivíduo tem a possibilidade de reconhecer esses
conflitos e, a partir dessa conscientização, dar um novo significado
à sua vida. Podemos notar, que o símbolo tem o poder de exprimir o
mundo percebido e vivido pelo homem em função de todo o seu
psiquismo e não apenas da consciência. Dessa maneira, o símbolo
funciona como um comunicador entre o inconsciente, a consciência e o
meio. Dessa comunicação, cria-se o arquétipo que representa o
conteúdo da linguagem simbólica, vivida pelo indivíduo. Embora cada
arquétipo tenha um caráter coletivo, é na dimensão da
individualidade que eles serão constelados, representados e vividos.
Considerando portanto, o Transtorno do Pânico, como símbolo de
transformação vivencial, devemos ressaltar sobretudo, que a
linguagem simbólica contida nas crise propriamente dita, lança luz
sobre as formas recentes e atualizadas dos indivíduos, como também,
nos revela os modos mais primitivos de sua expressão vivencial.
Segundo Jung, o conhecimento dessa linguagem simbólica contida nas
expressões humanas é o caminho para o indivíduo reestruturar o ego e
retornar ao seu equilíbrio. Por isso, a necessidade de reconhecer
além da experiência do Pânico, também o sentido dessa patologia, a
fim de encontrar o caminho da cura. Assim sendo, esta é a
característica da linguagem simbólica, principalmente em estimular a
consciência a participar ativamente da vida inconsciente, em prol do
desenvolvimento humano. Portanto, através da própria patologia do
Pânico, o indivíduo, de forma devastadora, entra em contato com algo
que a consciência não é capaz de reconhecer. Apenas através do que é
pressentido com o fluxo incessante da tensão ( conflito), lançando-o
numa busca reconstrutora daquilo que foi rompido e bloqueado.
Nesse sentido, é através da própria experiência com o Transtorno do
Pânico, que encontramos fenômenos capazes de mostrar o quanto o
indivíduo se desviou do seu caminho, sendo incapaz de incorporar os
conteúdos inconscientes ao consciente.
Enfim, o Transtorno do Pânico como símbolo de transformação, nos
revela tudo aquilo que se encontra incluído no mundo psíquico do
portador, não como causa e efeito, mas acima de tudo como um
fenômeno de relações do homem consigo mesmo e com seu meio, pois as
crises nada mais é do que um convite ao confronto com as forças
reprimidas do inconsciente. E, isto, para que ocorra uma modificação
na estrutura psíquica do portador, onde os conteúdos que foram
violentamente reprimidos, possam se despontencializar e encontrar
uma forma de alívio integrado a consciência.
9.2 - O Aspecto da Sombra não Integrada no Transtorno do Pânico
Nos casos de Transtorno de Pânico, nota-se também, um importante
sistema que é a sombra, pois esta, sinaliza os aspectos rejeitados e
renegados, o qual costumamos reprimir, sejam eles características
negativas ou positivas e isto, será definido através de experiência
e história de vida. A sombra está presente em todos nós. Ela é uma
instância psíquica necessária e tem a função de manter o ego sempre
alerta, a fim de evitar excessos. Estes aspectos sombrios que
existem dentro de nós, também possui uma dinâmica natural.
Entretanto, quando acontece uma falha neste movimento, ocorre o
complexo, que acaba por se tornar carregado de conteúdos rejeitados.
Dessa forma, tudo aquilo que o portador do Transtorno do Pânico
rejeita e nega em si, acaba por se revelar e manifestar em um
profundo controle das emoções e do comportamento, ocorrendo como
conseqüência a negação e a aceitação dos próprios desejos e da
essência verdadeira.
E, como o indivíduo não consegue integrar determinados aspectos
ditos sombrios, tentam destruir sua sombra, perdendo as suas
características individuais, o que lhes acarreta profundo sentimento
de impotência e inferioridade. Isto causa um desconforto profundo,
pois que se perdem de si mesmo, ficam fragmentados e não permitem em
seguir um caminho mais harmonioso.
E, uma vez que não consegue essa integração, o ego não tem outra
saída a não ser identificar-se com a sombra, caracterizando a
persona de doente, deixando apenas o lado negativo atuar.
9.3 - Aspecto da Identificação com a Persona no Transtorno do Pânico
Há ainda, uma instância psíquica de valor extremamente relevante,
pois, uma vez ativada e identificada, exerce uma função dupla nos
casos de Pânico. Trata-se da persona. Primeiramente, a persona
influência sobre maneira, sendo um dos fatores envolvidos no
desencadear das crises e também, como conseqüência, pois o indivíduo
se volta a um ideal de individualidade, que de real não tem nada,
pois é apenas uma aparência e que não passa de uma máscara, um
compromisso entre o indivíduo e a sociedade, acerca daquilo que
alguém parece ser. Muitas vezes a persona não representa o
verdadeiro eu, incluindo aí as vontades e os desejos (desencadeando
os conflitos). Em função disso, e negativamente, o indivíduo
panicoso identifica excessivamente com a persona, privando-se a um
processo de interiorização. E, em segundo lugar, a persona após
contribuir para o desencadeamento do Transtorno do Pânico,
influência sobremaneira na persistência da doença, uma vez que o
indivíduo em função de crises repetitivas, passa através de
constantes experiências de pânico, estruturar os seus pensamentos de
forma também irreal, sendo mais uma vez atuante esta instância
psíquica. Assim, a medida em que o indivíduo vai se identificando
com a doença, começa a agir de determinada maneira, e a desempenhar
um papel que não é o seu, deixando o seu ego completamente cindido.
9.4 - O encontro com o Self e o Processo de Individuação no
Transtorno Pânico
Entretanto, nesse processo dinâmico e de permanente conflito, o
pânico impede que o indivíduo encontre a sua unidade, e, a este
processo, o ponto central da personalidade, em torno do qual todos
os outros sistemas se organizam, Jung, denominou de Self, pois ele é
que sustenta a união desses sistemas, e fornece equilíbrio e
estabilidade à personalidade.
Assim sendo, tanto o Self quanto a Individuação são processos que
estão intimamente ligados uma vez que, significam experiência
pessoal e realização pessoal. Contudo, a patologia do pânico
impossibilita o indivíduo de uma unificação, principalmente porque é
uma patologia que fragmenta o ego, separando sobretudo a consciência
de si próprio.
Porém, o portador do Transtorno do Pânico, a partir de um tratamento
que norteia uma análise profunda, pode conscientizar de seu modo
individual de adoecer e compreender que possui um potencial interno
a ser descoberto e realizado. Dessa forma, o processo de
individuação é todo direcionado para busca do sentido e significado
da vida. Entretanto, esse processo é de ordem subjetiva e
individual, e permite um investimento em si mesmo, nos objetivos e
projetos de encontrar a verdadeira essência e auto-realização.
10 - Aspecto: estrutural, dinâmico e econômico do Transtorno do
Pânico
Sob o ponto de vista estrutural, dinâmico e econômico, o Transtorno
do Pânico é uma patologia de ordem psíquica, que ocorre quando há
uma desconexão do eu (ego) e este, deixa de ser uma instância forte,
se tornando frágil e fragmentada. Assim sendo, esse transtorno, está
intimamente ligado à estrutura da consciência e do ego, posto que,
nesse quadro, o ego deixa de exercer sua função de mediador das
forças presentes na personalidade.
E, isto ocorre em função de experiências recalcadas e repetitivas,
que promove a formação de um ciclo vicioso de extrema carga afetiva
e que o ego não consegue absorver, desenvolvendo dessa maneira, uma
psique cindida.
Nesse processo de fragmentação egóica, o indivíduo desconhece sua
própria identidade, apresentando sinais evidentes de sofrimento
tanto físico quanto mental.
Assim, como conseqüência natural desse rompimento da dinâmica
psíquica, ocorre um acúmulo de energia, que ao invés de atingir o
seu objetivo real e saudável, é deslocado e desviado de percurso, de
forma que a sua ação é intensificada em uma descarga violenta de
manifestações psicossomáticas como o Transtorno do Pânico e que
repercutem negativamente sobre o estado orgânico e psíquico. E, isto
em função de um conflito entre três pulsões, ou seja, aquilo que se
quer, aquilo que se pode e aquilo que se consegue. Mediante esse
processo, e, em tal estado, é ativado diversos mecanismos de defesa,
fazendo com que o indivíduo se torne muito racional, com idéias
fixas, rigidez interna e com profunda dificuldade no campo afetivo.
Portanto, essa patologia, possui implicações psíquicas, que por
ativação de um complexo, se constelam mais freqüentemente em forma
de sintomas físicos e que são vivenciados com uma carga emocional
intensa. Assim, essa força toma conta da consciência afetando por
completo a vida social e os relacionamentos do indivíduo. Há ainda,
as implicações práticas que acarretam ao indivíduo, medo intenso,
fobias em geral, explosão emocional, perda de controle, apatia e
acima de tudo um profundo sentimento de perda de sentido da vida.
Por isso mesmo, essa terrível experiência do Pânico, desencadeia uma
profunda angústia que inunda o ego com fluxos emocionais e
energéticos tão intensos, capazes de produzir um grande abalo na
estrutura da consciência.
Para compreender melhor a psicodinâmica do Pânico, devemos levar em
conta o rompimento da harmonia interna, pois, a fragilidade do ego
anula por completo a capacidade do indivíduo de assimilação interna.
E, a conseqüência dessa ruptura é a inundação dos conteúdos que
estão inconscientes.
Entretanto, é a partir da observação dessa dinâmica psíquica do
Transtorno do Pânico, principalmente o que tange o desequilíbrio
entre o corpo e a mente, é que temos as pistas do que está impedindo
a dinâmica da energia vital. Pois o Pânico, manifesta as feridas que
existem na alma. E o indivíduo só pode descobrir o que é preciso
para restabelecer o equilíbrio, estando atento aos movimentos desta
ferida à medida que ela se manifesta em sintomas corporais,
sentimentos, emoções, sonhos, etc.
Conclusão
Esse trabalho de monografia sobre o Transtorno do Pânico aconteceu
fundamentado na teoria de C. G. Jung , na ciência atual, na minha
própria experiência de vida que se fez como símbolo de
transformação, mas também, na convivência e observação com diversos
portadores do Transtorno do Pânico, e, finalmente, foi sobretudo,
guiada pela intuição no que diz respeito aos infindáveis potenciais
existentes em cada ser.
Assim sendo, a análise conclusiva deste estudo, baseia-se em uma
patologia, que se desenvolve e se manifesta através de fases
distintas, se iniciando ainda na tenra infância
(formação do ego) e vai se desenvolvendo ao longo dos anos, em
função do próprio estilo de vida e de personalidade (-persona-).
Dessa maneira, o Transtorno do Pânico é uma patologia de ordem
psíquica, que ocorre quando há uma desconexão do eu (ego) e este,
deixa de ser uma instância forte, se tornando frágil e fragmentada,
e que está intimamente ligado à estrutura da consciência e do ego,
posto que, nesse quadro, o ego deixa de exercer sua função de
mediador das forças presentes na personalidade. Assim, a
psicodinâmica do Pânico e todos os conteúdos inconscientes, rompem a
dinâmica psíquica harmoniosa, posto que, se acumula excessivamente
grande quantidade de energia, que ao invés de atingir o seu objetivo
real, é deslocada e descarregada violentamente em forma de sintomas
físicos e que são vivenciados com uma carga emocional intensa.
Dessa forma, a primeira crise de Transtorno do Pânico não é o início
da patologia e sim uma manifestação explícita de um conflito
existencial e individual já existente. Sendo assim, a fase de
manifestação é extremamente importante no que concerne ao caminho
que conduzirá a transformação.
Portanto, podemos concluir que o Transtorno do Pânico é uma
patologia de causas multifatoriais (bio-psico-social e espiritual),
que tem em sua dinâmica, características de base biológica(o corpo é
a base humana mais concreta, pois é o foco dos sintomas físicos,
provenientes de um desequilíbrio químico cerebral-
neurotransmissores, especialmente a noradrenalina), e que
concomitantemente compromete o nível de percepção e interpretação do
portador. Há também, características de base psicológica (foco
central de ansiedade antecipatória e despersonalização, que
compromete as emoções, pensamentos e sobretudo retroalimenta o
estado constante de terror). Há ainda, as características de base
social e espiritual (que comprometem sobremaneira os
relacionamentos, a manifestação da criatividade e a integração total
do portador consigo próprio).
- Compreendendo as fases de manifestação do Transtorno do Pânico.
1ª fase (Origem):
Se inicia ainda na tenra infância. Origens multifatoriais
(pré-disposição genética, espiritual, psicológica e individual (que
se forma ao longo do tempo, em função de algum registro inconsciente
de profundo sofrimento emocional, vindo a desencadear em algum
momento da vida).Entretanto, não me atenho a possível causa, pois,
no processo de superação, felizmente, cada um chegará a ela.
TRANSTORNO DO PÂNICO: É uma crise de ansiedade aguda, que ocorre de
forma repentina e inesperada, onde o indivíduo experimenta terríveis
sensações físicas e psicológicas.
CONSEQÜÊNCIAS FÍSICAS: No momento da crise, substâncias químicas são
liberadas, os neurotransmissores. Em excesso e em desequilíbrio, a
adrenalina dentre outras, é lançada ao sistema sanguífero pelas
glândulas supra-renais, causando um conjunto de sintomas físicos,
também, já citados anteriormente.
CONSEQÜÊNCIAS PSICOLÓGICAS: Os efeitos psicológicos causados pela
crise, são absolutamente avassaladores. O indivíduo fica
profundamente vulnerável, sensível, inseguro e registra
conscientemente as sensações corpóreas experimentadas durante a
crise, gerando um medo extremo de ter novas crises, o que acarreta
em uma ansiedade antecipatória.
2ª fase (PRIMEIRA CRISE):
(MEDO): O foco principal é o medo da morte. (o medo pode gerar
fobias, obsessões e depressão, porém, não é regra. O indivíduo pode
vivenciar ou não algum desses transtornos).
A) Fobias: As fobias acontecem em função de um medo irracional que
excede as possibilidades de controle. Afim de que novas crises não
ocorram, a pessoa passa a evitar em variados graus, objetos, lugares
ou situações, se tornando refém do próprio medo.
B) Transtorno obsessivo: Depois da primeira crise, o indivíduo fica
com seu foco de atenção completamente voltado para as sensações do
corpo, fazendo-o perceber e vigiar constantemente sua respiração,
batimentos cardíacos, dentre outros sintomas antes despercebidos. Há
ainda, um extremo sofrimento em função dos pensamentos mórbidos em
relação aos outros e a si mesmo e que se tornam uma obsessão. E,
finalmente, há a dependência excessiva de outras pessoas.
C) Depressão :Também, em graus variados, algumas pessoas após as
primeiras crises de pânico, podem desenvolver depressão,
manifestando uma visão pessimista da vida, profunda melancolia,
sentimento de perda, de vazio, baixa auto estima, falta de
interesse, dificuldades de sono, disfunções alimentares, dentre
outros sintomas depressivos.
(NOVAS CRISES):
A) O que caracteriza o Transtorno do pânico é a quantidade de
sintomas físicos e a freqüência das crises. Porém, é necessário que
se faça o diagnóstico por um profissional especialista na área, onde
se descarte outras doenças.
B) É importante esclarecer, que as crises podem estar acompanhadas
de pânico ou não. A situação de pânico é mais comum, durante as
primeiras crises, quando não há qualquer informação e
esclarecimento.
3ª fase (CRISES CRÔNICAS):
A) É muito comum às pessoas terem crises durante muitos anos. As
crises cronificadas possuem um perfil diferenciado das primeiras, no
que tange ao pânico, ao pavor, pois, normalmente, com o passar do
tempo, é comum elas identificarem quando a crise irá ocorrer,
deixando descaracterizado o acometimento repentino e inesperado das
crises. Essas pessoas são acometidas de uma profunda falta de
esperança e de credibilidade perante as pessoas com quem convivem.
Normalmente, são incompreendidas ou estigmatizadas.
B) Há também, as pessoas que fazem algum tipo de tratamento e
diminuem consideravelmente a intensidade dos ataques, mas, continuam
a desencadear crises. Há ainda, as pessoas que deixam de ter crises
por um determinado período, as vezes até anos, mas que são
acometidas por recaídas.
(SINTOMAS ISOLADOS): Estado latente.
A) Os sintomas isolados, possuem um caráter pessoal, sendo que cada
indivíduo, manifesta maior sensibilidade a determinados
órgãos,(órgão de choque: ex: coração, problemas gastrointestinais,
etc). Quando muito estressados, ansiosos ou sob pressão.
B) Finalmente, os sintomas isolados, podem ser manifestados de forma
diferente, onde o indivíduo pode experimentar sintomas variados, ora
um, ora outro.
Assim, o Transtorno do Pânico como Símbolo de Transformação, nos
remete a compreensão da linguagem simbólica da patologia em si como
o caminho de cura. Assim sendo, a cura do Transtorno do Pânico
ocorre quando o indivíduo compreende o sentido de sua doença,
principalmente lança luz sobre o quanto esse indivíduo se desviou de
sua essência verdadeira e, é óbvio que ela além de conteúdos
positivos, também é permeada de conteúdos negativos.
Além disso, o fenômeno do Pânico enquanto linguagem simbólica, não
se distancia muito de suas origens, da realidade com a qual o
indivíduo está conectado, pois o símbolo nada mais é do que o olhar
da mente sobre o corpo.
É também, através dessa experiência com a crise de pânico, que o
indivíduo perceberá as suas reais necessidades, suas ações, suas
cognições, emoções, movimentos fisiológicos, e todos os impulsos
descarregados durante a crise, com o intuito de incorporar todos os
conteúdos inconscientes ao consciente, para que haja uma restauração
do ego e o retorno do equilíbrio.
Assim sendo, quando a crise de pânico vem à tona, podemos perceber
que a sua representação mais emergencial é de que alguma coisa
necessita ser feito e que uma nova iniciativa deve ser tomada a fim
de reconhecer a verdadeira função da patologia.
E, o sucesso da superação da doença, acontece principalmente, quando
essa experiência é encarada de forma positiva em vez de negativa,
onde o indivíduo ao iniciar o processo de análise, aprende com o
significado da doença as relações vivenciadas para a sua construção
e manifestação. Assim, o problema não mais é a patologia em si, mas
acima de tudo sobre as mudanças de atitudes necessárias em seu
estilo de vida.
E, assim, por meio do sofrimento, o Transtorno do Pânico adquire um
significado, onde através dessa compreensão, o indivíduo assume um
controle e um poder de experienciar uma ligação mais profunda com o
propósito de seu ser.
Enfim, estudei muito, por mais de 5 anos, para concluir que a base
da superação do Transtorno do Pânico que tanto compromete a saúde
mental, é o amor e a afetividade, e que as crises simbolizam nada
mais que uma força extraordinária, capaz de transformar e de curar.
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VÁRIOS " Anais do II congresso brasileiro de prevenção e tratamento
dos transtornos de ansiedade, depressão e transtorno de pânico" -
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