O Verdadeiro Espírito de Natal: Generosidade e Amor
Por Sirley Bittú
23/12/2002
É Natal e na grande magia que evolve esta época do ano, despertam
dentro de alguns um potencial de solidariedade e compaixão, surgem
as campanhas contra a fome e a miséria humana, renasce dentro de nós
a esperança na humanidade e em sua generosidade.
Muitas famílias passam juntas esta noite, pessoas perdoam-se
mutuamente, desentendimentos são desfeitos, compartilha-se a emoção
e a alegria que envolve a história do menino Jesus e a lenda do bom
velhinho, tudo gira em torno do amor. É o aval que algumas pessoas
precisavam para demonstrar seu carinho e sua gratidão às pessoas que
querem bem.
A figura de JESUS simboliza a capacidade humana de ser humilde,
generoso, de amar, compartilhar, preocupar-se com o outro e
principalmente respeitar as pessoas, independente de classe social,
ou mesmo das próprias crenças.
De forma geral, fomos educados dentro de uma concepção
filosófico-religiosa onde aprendemos a valorizar o ser generoso,
aquele que oferece toda a sua disponibilidade e bens para o outro,
sem pedir nada em troca.
Só podemos oferecer o que temos, a generosidade é uma capacidade
emocional que se relaciona ao desprendimento e a auto-estima.
Quando você oferece algo para alguém esperando algo em troca, isto
chama-se na verdade investimento e portanto você não está dando
nada; quando você oferece algo e cobra o pagamento, isto é venda e
portanto o outro tem direito de saber o que está comprando e qual o
preço do produto para decidir se o quer ou não.
As relações afetivas de todo tipo, sejam familiares, amorosas,
sexuais, fraternas ou quaisquer outras, tem como base o compartilhar
de afetos, pensamentos, emoções, respeito mútuo e portanto não se
trata de investimentos no sentido que coloquei anteriormente, nem de
venda. É como a garota que gasta todo seu salário com um lindo
presente para seu namorado e na noite de natal ele chega com um
pacotinho de bombom e sente-se culpado por ter sido tão mesquinho.
Na verdade nenhum dos dois estava satisfeito e seguro da própria
atitude, ela esperava algo mais substancioso, pelo menos mais
próximo do esforço que fez para agradá-lo, enquanto deveria na
verdade é reavaliar seu modo de sentir-se passível de ser amada.
Esta equação: tenho que oferecer muito para as pessoas perceberem
como eu sou legal, e obviamente ser recompensada, são velhas
companheiras conscientes ou inconscientes das pessoas que se acham
generosas demais para este mundo cruel e mesquinho que não reconhece
sua grandeza e generosidade. Na verdade o centro desta questão é uma
auto-estima muito baixa, uma dificuldade de perceber o próprio
valor.
Como isso é possível numa sociedade capitalista e competitiva como a
nossa? Como sermos ‘bons sem nos sentirmos bobos ou nos tornarmos
tirânicos?
Aprendemos com nosso desenvolvimento pessoal, que toda relação
contém em si algum tipo de troca; buscamos ser aceitos em nossa
forma de estarmos no mundo, sermos compreendidos em nossos motivos e
principalmente, buscamos ser felizes.
Ser BOM é diferente de ser BOBO, como também querer ser esperto
também é diferente de ser generoso.
E qual a diferença entre essas coisas?
O diferencial está na capacidade de perceber-se e aceitar-se, de ser
autêntico em suas atitudes, respeitando a si e ao outro. O bobo é
aquele que na verdade não sabe do que é capaz e portanto não
consegue perceber do que o outro é capaz, justamente por não ter
real conhecimento da própria natureza (humana), coloca-se numa
posição de total desproteção, tornando-se vulnerável. O esperto é
aquele que está sempre tentando ‘levar vantagem em tudo’, mas sempre
vestido de bom moço, ele é produto do entendimento equivocado da
palavra generosidade. E finalmente o bom é aquele que sabe que não é
bom nem mau e ao mesmo tempo é simplesmente o 'interjogo' dessas
duas forças que existem dentro de nós e as quais procuramos, através
de nossa maturidade emocional, aprender a manter em equilíbrio para
nos relacionarmos de forma harmoniosa e feliz.
O advento da generosidade é algo maior que o poder econômico.
Podemos ser generosos sem necessariamente termos dinheiro, podemos
oferecer gratuitamente amor, atenção, solidariedade e principalmente
respeito, aprendendo a olhar as pessoas que estão à nossa volta como
seres humanos, não apenas enxergando seus defeitos, mas as suas
qualidades e potenciais pessoais.
Desejo a todos um Natal generosamente fraterno e feliz.
Psicodramatista Didata Supervisora
Terapeuta em EMDR pelo EMDR Institute/EUA
Consultório (11) 5083-9533 - Visite seu Site
Email: sirley.regina@terra.com.br