Você é Importante para mim e eu para você
Por Maria Inês Felippe
14/05/2008

Por mais que você tenha uma atuação ou se sinta isolada (o), já que sai solitariamente de casa para o trabalho ou vice-versa, sentindo o peso da responsabilidade no cargo, jamais deve sentir-se sozinho(a). Este cenário não acontece somente com os líderes, reforçando a máxima de que “o poder é solitário”. Acontece com todo mundo. Hoje, os consultórios psicológicos estão repletos de solidão a dois. Mesmo as pessoas em contato com pessoas, no meio de tantas outras, ainda se sente só. Este cenário está no mundo corporativo e nas casas, nas famílias e na sociedade. Vivemos num condomínio e não conhecemos nossos vizinhos.

No mundo corporativo, não devemos nos esquecer do que há por trás dele: uma equipe de suporte que faz tudo acontecer, desde a telefonista que atende com educação e transfere a ligação para os departamentos corretos, por exemplo, aos corpos administrativos, de logística, financeiro e de pós-venda.

Vou citar um exemplo prático: “Algumas empresas apenas se preocupam com a remuneração variável do vendedor, esquecendo-se de todo esse suporte e de que se esse time não atuar de forma sinérgica e com qualidade, nada acontecerá. Há uma interdependência entre as equipes, e é necessário investir nela. Aliás, interdependência é um dos termos mais usados no mundo corporativo”. É como na música “Eu não existo sem você”, de Tom e Vinícius:

“... Assim como uma nuvem, só acontece se chover.
Assim como o poeta, só é grande se sofrer.
Assim como viver, sem ter amor não é viver.
Não há você sem mim, eu não existo sem você.”

A arte do relacionamento é, em grande parte, a habilidade de reconhecer e considerar sentimentos à importância do outro, favorecendo ambas as partes. Esta habilidade é a base para sustentar a popularidade, liderança e eficiência interpessoal. Pessoas com esta habilidade são mais eficazes e mais criativas. Trata-se de uma das habilidades mais essenciais para sobreviver nos grupos de trabalho e na liderança. Este cenário favorece a iniciativa, o comprometimento, a criatividade e a inovação. E na sua casa, há este cenário? Há sinergia entre o casal, com os filhos e entre eles? Será que os ensinamentos empresariais não nos ajudam como pessoa acima de tudo?

Assim sendo, a vida é negociar, o nosso papel é o de prevenir e resolver conflitos. A nossa principal característica é a diplomacia, assim como buscar uma resposta que satisfaça ambas as partes ou um grupo de interessados.

Para o nosso sucesso pessoal e profissional, teremos de ser muito flexíveis para conseguir trabalhar em equipe e relacionar-se, devemos - com freqüência - reservar algum tempo para tentar compreender profundamente os nossos problemas, acertos e erros pessoais, assim como problemas que surgem, e sair criando soluções. Para isso, devemos escutar a nós mesmos e as pessoas à nossa volta. Isto evitará a recair num erro grave na criação de soluções, ou no relacionamento, por não estar comprometido com a equipe e ela conosco, conseqüentemente sentimo-nos solitários. Em alguns casos, quando lideramos equipes, sentimo-nos sozinhos, solitários, mas isso acontece quando não conseguimos compartilhar nossas idéias.

Uma dica fundamental: Escute o outro, ele sempre terá opiniões e percepções que poderão ser úteis a você. Escute mais e, a partir daí, argumente e crie, por isso é que se têm dois ouvidos e uma só boca. A combinação uniforme dos ingredientes faz com que uma receita seja criativa, diferente e aceita por todos.

Divida suas preocupações, necessidades e formas de pensamento e, dessa forma, perceberá a diferença imediatamente.

Outro dia, estava em uma grande corporação, preparando os Gerentes e aconteceu uma cena que vou compartilhar com vocês.
“ O Diretor, uma pessoa de forte personalidade e muito envolvido no trabalho, e, por vezes, na tarefa de seus colaboradores, agindo muito em função das mudanças que a empresa está passando e, por outras vezes, filtrando informações,com o objetivo de poupar seus Gerentes. Durante um determinado momento do treinamento, envolvi o grupo para soluções de problemas da própria organização. Esse Diretor expressou abertamente o cenário da empresa, suas preocupações e suas ‘inseguranças’. Foi impressionante a mudança de comportamento dos seus Gerentes na busca de soluções e na intenção de acolhê-lo diante das preocupações apresentadas. Muito interessante como o grupo reconheceu ( o que já sabiam), porém não era expresso pelo seu superior e, rapidamente, abraçaram a causa como se fosse do grupo.

Antes do acontecido em reunião com ele, o Diretor manifestou sua preocupação e o sentimento de solidão na direção da organização.

Isso reforça a minha idéia de que precisamos da sua voz, das suas idéias, como você também precisa da nossa.

*Maria Inês Felippe é consultora e palestrante, especialista em Criatividade, Inovação e Gestão, e autora do livro 4 C’s para Competir com Criatividade e Inovação, pela Editora Qualitymark - www.mariainesfelippe.com.br