Você está sempre tentando modificar seu parceiro?
Por Sirley Bittú
09/12/2002
Você já tentou ou pelo menos desejou mudar algo em seu parceiro? Dar
uma arrumadinha nele... deixá-lo mais romântico, ou deixá-la mais
econômica, ou mais organizado(a)? Mais objetivo(a) ou mais
sentimental?
Nos relacionamentos algumas vezes chegamos a crer que estaríamos
mais felizes com pessoas que pensam da mesma forma que nós, ou que
possuem as mesmas crenças e pontos de vista, e de certa forma,
realmente seria mais fácil, pois com esse perfil as chances de você
ser confrontado certamente seriam menores.
A grande questão é que os relacionamentos que mais nos estimulam a
crescer e a repensar nosso forma de vida são aqueles travados com
pessoas que se orientam por parâmetros diferentes dos nossos, pois é
com elas que aprendemos a exercitar nosso conceito de respeito.
Respeito implica em receber e entender o outro a partir de sua
perspectiva, de seu prisma, o que significa estar na mesma
hierarquia, no mesmo patamar, sentir-se nem maior nem menor que o
outro, apenas fazendo parte de uma relação simétrica e não
complementar.
Desse ponto de vista, sempre teremos a acrescentar em nossa vida, à
medida que possamos nos permitir entrar em contato com o genuíno que
existe em cada um de nós.
Quando tentamos modificar o outro, sem respeitar suas
particularidades, talvez estejamos buscando nos relacionar com nosso
espelho, impondo nossas verdades e entendimentos de mundo, numa
busca desesperada de evitar o medo do novo e do diferente. Para
lidar com eles, temos que estar muito convictos de nossa identidade
e de nossas certezas, e ao mesmo tempo dispostos a checá-las e
consequentemente repensá-las.
Em contrapartida, muitas vezes queremos mudar no outro o que ele tem
de nós; implicamos com a chatice do outro para não olharmos para a
nossa, olhamos o mau do outro para evitarmos entrar em contato com o
nosso mau interno, implicamos com sua desorganização para não lidar
com nosso excesso de ordem que muitas vezes nos escraviza.
Nossas escolhas de vida são processos de amadurecimento e
transformação pessoal. A maturidade emocional passa pela capacidade
de fazer escolhas e lidar com suas conseqüências.
Aprender a apurar nosso foco de atenção, perceber nossas
necessidades, desejos e dificuldades é o primeiro passo. Em
decorrência desse processo ganhamos a capacidade de sermos
assertivos em nossas atitudes e consequentemente fortalecemos nossa
auto-estima, condição indispensável para lidar com nossas escolhas.
Sendo assim olhe para seu companheiro(a) não com os olhos críticos
de quem procura defeitos a serem corrigidos, mas com os olhos de
quem está pronto e aberto a conhecer outras formas de existir.
Psicodramatista Didata Supervisora
Terapeuta em EMDR pelo EMDR Institute/EUA
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Email: sirley.regina@terra.com.br