Você tem medo do escuro, de baratas? Do que você tem medo?
Por Sirley Bittú
27/01/2003
MEDO palavrinha conhecida de todos nós, quem já não teve medo de
algo? Inúmeras pessoas sofrem com seus medos, mas poucas são capazes
de admiti-los, principalmente para não se sentirem infantis ou
ridículas.
Há vários tipos de medos, aqueles que sabemos porque existem e
aqueles que nem imaginamos de onde vêm. Nas duas alternativas nos
sentimos impelidos a fazer algo. Algumas vezes o medo é tão terrível
que algumas pessoas simplesmente travam, como se perdessem as forças
para enfrentá-lo. Outros reagem ao impulso agredindo seu provável
agressor. As reações dependem de um conjunto de características
pessoais onde se incluem sua forma particular de entendimento do
mundo e suas características de personalidade influenciadas pela
saúde emocional de cada um.
Paradoxalmente o medo nos serve como parâmetro quando está aliado a
dados de realidade, nesse caso, damos a ele o nome de cautela,
sensatez e até mesmo maturidade.
Em outros momentos o medo está relacionado a nossa área da ilusão e
da fantasia. O medo do escuro, de baratas, de ratos, ou até mesmo da
morte, nasce da mesma matriz, a sensação de fragilidade e da
necessidade de se proteger, correlaciona-se a nossa autopsiam e às
nossas crenças. Mas não podemos esquecer que estamos falando de um
sentimento e portanto é dominado pela esfera das emoções e não da
razão.
É comum ouvir frases do tipo racionalmente eu sei que a barata nada
pode fazer contra mim, mas, é algo mais forte que minha razão, o
medo toma conta de tal forma que perco o controle, corro, grito e se
não tiver como fugir, chego até a desmaiar... esses e outros relatos
são comuns no consultório quando falamos de medos.
Alguns dos caminhos utilizados para tratá-los em psicoterapia, é a
busca de significados associados, geralmente um medo está
entrelaçado a uma cadeia de significados. Para facilitar a
compreensão imaginem uma cebola: a camada mais visível seria a fonte
de temor (barata, bola, bexiga, água, namorar, dirigir etc...), e as
outras, até chegar ao miolo seriam os outros significados
associados. O núcleo ou o que gerou o problema relaciona-se à sua
história de vida, ou seja, os fatos propriamente ditos, captados
pelas lentes de suas características pessoais, por exemplo, sua
forma de vivenciar, perceber e entender os acontecimentos. No
Psicodrama utilizamos jogos, trabalhos em grupo, dramatizações e
psicodramas internos para atingir esses esclarecimentos, ao passo
que se trabalha a percepção de si, o autoconhecimento o
fortalecimento da auto-estima, e da autonomia. Fantasia e realidade,
mundo interno e mundo externo, são considerados dinamicamente.
Era prática comum associar medos a coisas de criança, ou coisas de
mulher, subestimando os males causados por esse sentimento e ao
mesmo tempo associando um caráter de fragilidade àqueles que o
assumissem. Isto fez (e ainda faz) com que muitas pessoas deixassem
de falar sobre seus sentimentos e principalmente demorassem para
descobrir que os medos podem ser tratados e resolvidos a medida que
aprendemos a lidar com eles. Muitos homens sofreram e ainda sofrem
com esse preconceito, mas felizmente na atualidade as pessoas estão
cada vez mais voltadas a buscar uma melhor qualidade de vida,
buscando ajuda para suas questões com profissionais especializados.
O medo é o termômetro humano para a preservação e proteção da
própria espécie, quando passamos a evitar a vida (como se fosse
possível) por medo de vivê-la, estamos usando esse sentimento
nocivamente.
Portanto se você tem algo que lhe incomoda, qualquer tipo de medo,
não importa se for de bichos, coisas, objetos, ou mesmo de se
relacionar não deixe de procurar ajuda, pois certamente você estará
trabalhando em prol de sua liberdade, transformando sua vida num
caminho mais prazeroso e feliz.
Considero este tema muito amplo e interessante, neste artigo abordei
apenas algumas faces desta questão, existem obviamente outros graus
de medo muito mais limitantes como o Pânico e outros tipos de Fobias
por exemplo, que abordarei nos próximos artigos.
Psicodramatista Didata Supervisora
Terapeuta em EMDR pelo EMDR Institute/EUA
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Email: sirley.regina@terra.com.br